No dia 24 de Abril de 1976, poucos dias depois da promulgação da Constituição da República Portuguesa (CRP), foi formalmente constituído o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), herdeiro e continuador do movimento da paz surgido na década de 50 do século XX, que enfrentou a repressão do regime fascista e se bateu corajosamente contra a guerra, nomeadamente a guerra colonial, em prol da paz, do desarmamento, da
solidariedade e da cooperação entre os povos do mundo.
Quer a Constituição da República Portuguesa, quer o CPPC, são filhos da Revolução de Abril, processo resultante da luta do povo português, e das suas transformações na construção de um novo Portugal democrático, com profundas alterações a nível social, cultural, político e económico.
A ligação entre a Constituição da República Portuguesa e o CPPC não se limita ao ano da sua formalização, sendo mais profunda pelo que ficou consagrado no artigo 7º da Constituição, nomeadamente no que respeita às causas de sempre do movimento da paz: o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares, o respeito pela soberania dos povos, a não ingerência, a rejeição do imperialismo, do colonialismo e de qualquer outra forma de agressão. Antes e após a sua formalização, estes são alguns dos valores que norteiam a ação do CPPC, que, nos dias que correm, mantêm toda a sua atualidade, sendo fundamental e urgente a sua defesa e respeito.
Nos tempos de incerteza que vivemos, este caminho apontado pela Constituição da República Portuguesa é o único que serve os interesses do povo português, porque é o caminho que condena as guerras e que defende a paz, a solidariedade, a amizade, a cooperação, a segurança na Europa e no mundo. Nem sempre as políticas dos vários governos portugueses foram consentâneas com os valores consagrados na Constituição da República Portuguesa relativamente às relações internacionais do País, sendo por isso, também, fundamental a exigência que o CPPC, em convergência com outras organizações e personalidades portugueses, têm feito, para o seu cumprimento.
Num momento em que nos aproximamos das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, da Revolução que consagrou o direito dos povos a viver em paz, a ação determinada do CPPC em prol da paz e da solidariedade, com base nos princípios que desde sempre norteiam a sua atividade, continua a ser necessária.
Com confiança na justeza destes mesmos princípios, reafirmamos o nosso compromisso de sempre de agir lado a lado com todos os quantos, em Portugal e no mundo, intervêm com a aspiração e convicção de que é possível um mundo justo, democrático, solidário, fraterno, de paz.
É também nesse contexto que estamos a realizar concertos, debates, exposições, iniciativas em escolas e na rua pela Paz, ações de solidariedade com os povos vítimas de agressões e guerras, e que, em conjunto com outras organizações, estamos a preparar o III Encontro pela Paz, a realizar em 28 de Outubro, em Vila Nova de Gaia, com o lema «Nos 50 anos de Abril, pela Paz, todos não somos demais!».
É fundamental o contributo de todos para esta luta e para a construção da paz!
Viva o 25 de Abril!
Viva a Paz!