Cumpre-se um ano do início dos bombardeamentos da NATO à Líbia, que se iniciaram a 19 de Março de 2011 e se prolongaram ininterruptamente por sete meses.
Tratou-se de uma agressão externa, brutal e ilegítima, que provocou a morte de dezenas de milhares de pessoas, uma autêntica barbárie e catástrofe humanitária e a destruição de inúmeras infra-estruturas económicas e sociais do povo líbio.
Uma agressão que, levada a cabo a coberto da falsa intenção da «defesa dos civis» e dos «direitos humanos» e inaceitavelmente branqueada pelo Conselho de Segurança da ONU, mais não foi do que uma forma de os EUA e as potências da União Europeia substituírem um governo que mantinha uma relativa independência do seu país por outro a eles submetido.
Tal como o CPPC alertou desde a primeira hora, e como a história se encarregou de demonstrar, tratou-se de uma guerra pelo controlo dos importantes recursos naturais da Líbia, nomeadamente do petróleo, e pelo domínio geo-estratégico daquela importante região do mundo.
Hoje, a Líbia é um país destruído, mergulhado no caos e na violência – onde se verificam as mais brutais violações dos direitos humanos, incluindo a prática da tortura –, com muitas localidades e bairros sujeitos ao poder discricionário de bandos armados.
Sobre algumas regiões, particularmente Benghazi – onde se encontram as principais jazidas de petróleo – paira agora o espectro da secessão. O petróleo, esse segue para as grandes empresas petrolíferas dos países agressores.
Um ano depois desta guerra – que foi preparada e acompanhada de uma intensa e violenta operação de manipulação mediática sem paralelo –, os Estados Unidos da América e alguns grandes países da União Europeia aumentam as ameaças e a chantagem sobre a Síria e o Irão.
Recorrendo aos mesmos cínicos e hipócritas argumentos ditos «humanitários» e contra as «armas de destruição massiva» igualmente usados na preparação e tentativa de justificação de agressões anteriores, as potências ocidentais preparam o caminho para novas guerras com os mesmos objectivos de sempre – derrubar governos e submeter povos que se oponham às suas ambições imperialistas; controlar recursos naturais e energéticos; dominar regiões estratégicas; limitar o desenvolvimento de potências emergentes, como a China ou a Rússia; afirmar o poder militar e o domínio planetários dos Estados Unidos da América.
Os mesmos que falam de “direitos humanos” para justificar a guerra contra a Líbia e as sanções à Síria são os mesmos que: são responsáveis por centenas de milhares de mortos e os que arrasam países inteiros, como sucedeu e sucede no Iraque, no Afeganistão, no Líbano; na Somália; na Jugoslávia; apoiam Israel na sua política de ocupação e extermínio do povo palestiniano; sustentam Marrocos que ocupa ilegalmente o Sahara Ocidental, oprimindo o seu povo e roubando as suas riquezas.
Os que defendem uma intervenção contra o Irão por este alegadamente querer produzir armas nucleares são os que fecham os olhos às bombas atómicas israelitas (o único país do Médio Oriente com este tipo de armamento), os que já usaram estas armas e que admitem usá-las novamente e num primeiro ataque, como acontece com os EUA.
Há que denunciar esta hipocrisia e defender a solução pacífica dos conflitos; a não ingerência nos assuntos internos dos países; o desarmamento nuclear geral, simultâneo e controlado; o direito à autodeterminação e a independência de povos e países; a dissolução dos blocos político-militares, nomeadamente a NATO.
Nestas reivindicações, estamos apoiados pela Constituição da República Portuguesa que as consagra, apesar de constantemente espezinhadas pela prática política de sucessivos governos.
Neste dia de triste aniversário, o CPPC apela a todos os portugueses amantes da paz e preocupados com o futuro do seu país e com o rumo do mundo para que se juntem a nós, no combate por um mundo de paz, de justiça social e de amizade e cooperação entre todos os povos.